terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

4: O veneno part3

-Você não ousaria!- disse ficando em pé

-Quer ver?- perguntou ele

Tentou amarrar minhas mãos durante quatro vezes, mas eu me esquivava rapidamente. De repente eu me escondi atrás da árvore e o procurei com os olhos, não o achei, e quando virei de novo para onde eu estava ele estava cara a cara comigo.

Esqueci-me que podia estar mal, mas ainda podia voar. Escondi minhas mãos atrás do corpo, ele me abraçou quase me beijando e pegou minhas mãos de novo.

-Não acredito que vai fazer isso!- disse quase chorando

-Já fiz.- disse ele mostrando as minhas mãos amarradas

-Tá, então eu não acredito que você fez isso!- debochei enquanto ainda estávamos perto um do outro

-Passe a acreditar enquanto andamos... agora vamos...- disse ele e depois começou a me puxar

Não importava como, mas eu não ia facilitar para ele! De maneira alguma! Ele parou por cerca de vinte vezes para perguntar se eu estava bem ou se eu desistia de ser puxada por uma corda. Nem preciso dizer o que respondi.

Á noite não tínhamos percorrido mais de um quilômetro, o que não era nem de perto o que nós tínhamos percorrido no dia anterior. E ainda haviam no mínimo mais 3 quilômetros para chegarmos a nascente.

Ele fez uma fogueira sozinho (porque eu disse que não iria facilitar para ele), mas ele nem me pediu ajuda. Não me importava com ele... ou não queria me importar, mas ele estava sentindo dores fortes de mais nas asas.

-Tá, quando é que você vai me falar?- perguntei olhando as estrelas deitada em uma árvore ainda com as mãos amarradas, ele olhou para cima

-O que?

-O que está acontecendo com as suas asas.- disse pulando da árvore e me sentando perto dele

-Nada.

-Eu sei que tem algo.- insisti, ele suspirou

-Não tem nada Eli, vá dormir.

-Você deve achar que eu sou alguma criança não é? Olha, eu sei que tem algo de errado quando vejo algo de errado e pronto... então vai me falar?

-Estou envenenado... é isso...

-Não...

-Sim, o poderoso pode me curar, mas ainda estamos no rio Avanche... falta muito para o rio Nester... e ainda mais para a sua nascente...- me inclinei para mais perto dele

-Não! Como isso aconteceu? Estava bom antes de ontem!

-Foi antes de cair... foi uma briga...

-Mas anjos não são perfeitos?

-Nós sim... nossos inimigos não.

-E quem são?- ele olhou para mim com seus infinitos olhos verdes e sorriu levemente

-Você não precisa saber agora Eli. Não era nem para mim ter te contado que você vai se casar...- ele se encostou no caule da árvore, fique ainda de frente para ele, milhares de perguntas voavam na minha cabeça pra lá e pra cá, ele riu -... eu não vou morrer Eli, eu acho.

-Eu pedi pra parar de ler a minha mente! Será que não se lembra?

-Eu não li, dava para ver de longe que você queria fazer essa pergunta...

-Não vamos chegar lá a tempo, você sabe disso.

-É eu sei... acho que o veneno só atingiu as minhas asas... no caso, eu vou perdê-las... mas vai ser até bom, assim não terei que me casar com a perfeita Beatriz...

-Jura? Me passar um pouco desse veneno?- ele riu

-Não! Eu disse que eu acho, ainda osso morrer por causa do veneno eu acho...

-Você disse que nos não precisamos nos alimentar não é?

-É... por que?

-Vamos caminhar á noite também, assim vamos mais rápido até o local... mas te garanto que quando chegarmos lá, irei fugir!

-Confia em mim?

-Confio.

-Está correndo o risco de se casar contra a vontade para me salvar... por que?

-Você é um vida! Faria isso por qualquer um.- disse meio incerta, ele se aproximou e desamarrou as minhas mãos -Obrigado... eu...

-Tudo bem... eu confio em você também...- disse ele se encostando novamente na árvore, me encostei ao lado dele e dormi

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