quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

3: O rio Avanche part1

3- O rio Avanche

-Por que eu não posso voltar? Iremos para onde?

-Por que... seu destino... bem, temos que seguir o rio Nester até a sua nascente. Lá o poderoso saberá o que fazer.

-Quem?- perguntei assustada

-O poderoso...- depois ele me olhou, viu que eu estava assustada e riu -... não! Não é Deus, o nome dele é poderoso, mas ele nem é tanto!

-Que mãe daria o nome do filho de poderoso?!- perguntei mais assustada ainda

-Eu não sei, sei que a “mãe” dele não lhes deu nome algum... vamos dormir, eu faço o primeiro turno e você fica com o segundo...- ele se levantou e olhou ao redor -... hãm... o que você acha daquela ali?

Ele estava apontando para uma árvore gigantesca que havia ali perto. Eu concordei com a cabeça incerta. Jamais dormira em uma árvore antes. E em raras vezes chegaram tão perto de uma, já disse: era trancada em casa, por vontade própria claro! Mas mesmo assim era trancada.

Ele me ajudou a subir e me acomodei como pude lá em cima. Depois de alguns minutos tentando dormir me veio a mente um fato antes esquecido. Me inclinei para baixo, ele estava sentado na relva abaixo da árvore e me sorria incerto. Sorri também.

-A propósito... você não me disse o seu nome...- disse confiante a ele, aquilo pareceu pegá-lo de surpresa

-Me, meu nome?!- perguntou, sim, com certeza aquilo o pegou de surpresa

-Sim, o seu nome... sabe pelo menos o que é isso não é?

-Sim, eu sei, mas meu... olha, iremos fazer assim: chama-me de Leonardo...

-Está certo então... boa noite Leonardo.- disse eu sorrindo

-Boa noite Eli...- disse ele som um sorriso simpático que , sinceramente, fez o meu coração se derreter

A noite foi tranquila. Ao contrário do que pensava, ele não me acordou para o meu turno, me acordou algumas horas após o nascer do sol. O céu estava azul, mas o ar estava sonolento, como se fosse o dia mais chato do mundo ( 100% ao contrário do que eu penso agora). Tomamos café: frutas, ele tentou me ensinar a voar, disse que seria mais fácil para chegarmos a nascente assim, mas não conseguiu. Depois comemos o almoço: frutas e então partimos entre a floresta.

Fomos andando. Depois de algum tempo eu já estava com os pés cansados, mas não me atreveria de pedir a ele que me carregasse, em hipótese alguma!!

-Tá, não precisa pedir então!- disse ele rindo, parei assustada

-O que?! Olha, não sei como que são as coisas na sua terra, mas aqui as pessoas não ficam lendo a mente dos outros tá?!- disse indo atrás dele mais depressa, enquanto falava ele colocou a mão direita no caule de uma árvore bem fina e girou nela parando bem na minha frente

-Na nossa terra...- sussurrou ele eu, sinceramente, tive vontade de bater na cara dele, que atrevimento! Mas por outro lado... é melhor eu não falar nessa parte

-Como é lá?- perguntei, havia algo em como ele falava nossa, que me fascinava

-Como era lá... você quer dizer...- os olhos dele tomaram uma luz escura de tristeza

-O que... o que aconteceu?

-Depois poderoso te explicará... eu não gosto muito de falar sobre isso...- disse ele e depois voltou a sorrir como antes, eu só queria mudar de assunto para ele tirar aquela tristeza dos olhos

-Mas não mude de assunto! E pode parar de ler a minha mente por favor?!- disse tentando não rir

-Mas é divertido! Você pensa cada coisa estranha!- enrubesci

-Co, como o que?

-Hum... tá! Eu paro de lê-la se desejar...- disse ele olhando nos meus olhos -... mas eu não esqueci o que você pediu!

Ele riu e me pegou no colo. Depois alçou voo. No inicio me senti constrangida, mas depois me acostumei. Voamos durante três ou quatro minutos pois chegamos ao rio. Paramos para um lanche no leito do rio e depois partimos a pé.

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