3- O rio Avanche
-Por que eu não posso voltar? Iremos para onde?
-Por que... seu destino... bem, temos que seguir o rio Nester até a sua nascente. Lá o poderoso saberá o que fazer.
-Quem?- perguntei assustada
-O poderoso...- depois ele me olhou, viu que eu estava assustada e riu -... não! Não é Deus, o nome dele é poderoso, mas ele nem é tanto!
-Que mãe daria o nome do filho de poderoso?!- perguntei mais assustada ainda
-Eu não sei, sei que a “mãe” dele não lhes deu nome algum... vamos dormir, eu faço o primeiro turno e você fica com o segundo...- ele se levantou e olhou ao redor -... hãm... o que você acha daquela ali?
Ele estava apontando para uma árvore gigantesca que havia ali perto. Eu concordei com a cabeça incerta. Jamais dormira em uma árvore antes. E em raras vezes chegaram tão perto de uma, já disse: era trancada em casa, por vontade própria claro! Mas mesmo assim era trancada.
Ele me ajudou a subir e me acomodei como pude lá em cima. Depois de alguns minutos tentando dormir me veio a mente um fato antes esquecido. Me inclinei para baixo, ele estava sentado na relva abaixo da árvore e me sorria incerto. Sorri também.
-A propósito... você não me disse o seu nome...- disse confiante a ele, aquilo pareceu pegá-lo de surpresa
-Me, meu nome?!- perguntou, sim, com certeza aquilo o pegou de surpresa
-Sim, o seu nome... sabe pelo menos o que é isso não é?
-Sim, eu sei, mas meu... olha, iremos fazer assim: chama-me de Leonardo...
-Está certo então... boa noite Leonardo.- disse eu sorrindo
-Boa noite Eli...- disse ele som um sorriso simpático que , sinceramente, fez o meu coração se derreter
A noite foi tranquila. Ao contrário do que pensava, ele não me acordou para o meu turno, me acordou algumas horas após o nascer do sol. O céu estava azul, mas o ar estava sonolento, como se fosse o dia mais chato do mundo ( 100% ao contrário do que eu penso agora). Tomamos café: frutas, ele tentou me ensinar a voar, disse que seria mais fácil para chegarmos a nascente assim, mas não conseguiu. Depois comemos o almoço: frutas e então partimos entre a floresta.
Fomos andando. Depois de algum tempo eu já estava com os pés cansados, mas não me atreveria de pedir a ele que me carregasse, em hipótese alguma!!
-Tá, não precisa pedir então!- disse ele rindo, parei assustada
-O que?! Olha, não sei como que são as coisas na sua terra, mas aqui as pessoas não ficam lendo a mente dos outros tá?!- disse indo atrás dele mais depressa, enquanto falava ele colocou a mão direita no caule de uma árvore bem fina e girou nela parando bem na minha frente
-Na nossa terra...- sussurrou ele eu, sinceramente, tive vontade de bater na cara dele, que atrevimento! Mas por outro lado... é melhor eu não falar nessa parte
-Como é lá?- perguntei, havia algo em como ele falava nossa, que me fascinava
-Como era lá... você quer dizer...- os olhos dele tomaram uma luz escura de tristeza
-O que... o que aconteceu?
-Depois poderoso te explicará... eu não gosto muito de falar sobre isso...- disse ele e depois voltou a sorrir como antes, eu só queria mudar de assunto para ele tirar aquela tristeza dos olhos
-Mas não mude de assunto! E pode parar de ler a minha mente por favor?!- disse tentando não rir
-Mas é divertido! Você pensa cada coisa estranha!- enrubesci
-Co, como o que?
-Hum... tá! Eu paro de lê-la se desejar...- disse ele olhando nos meus olhos -... mas eu não esqueci o que você pediu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário