sábado, 22 de janeiro de 2011

2: As asas part 2

Ah!!!!!!- gritei por dentro


-Hora de você ir. Completar o seu destino. Se afastar destes humanos.

-O que?! Como assim? Eu nem me despedi!

-Viu? Eles estão te tornando humana de mais!- disse ele sentando-se novamente na pedra

-Humana de mais? Me diga... o que é ser humana de mais?- perguntei sentando-me ao lado dele na pedra, eu realmente não sabia.

-O que?- ele riu -Tá brincando não é?

-Não...- disse olhando o reflexo da lua no lago ele tirou o sorriso do rosto

-Bem.... hãm... você sabe! Pecados... como gula... luxúria... vaidade...

-Eu não tenho isso...

-Mas... hãm... você tem certeza? Por que até certa... hãm... idade, os anjos não podem ter certos... hãm... bem... sentimentos...- a voz dele fracassou, ele realmente aparentava estar embolado

-Sentimentos são proibidos?!- quase gritei, ele levou um susto

-Não! Não todos!

-Então quais?- perguntei o olhando fixamente, ele enrubesceu e desviou para o lago

-Hãm... inveja, ciúme... e... sei lá... paixão, amora...

-Quer dizer amor?

-Hãm... o que? Ah! Sim, é! Amor não amora! É que estou com fome sabe?- disse ele rindo, eu não caí nessa

-Tá, quando eu vou pra casa?- perguntei esperando ter alguma brecha

-Elianna... é isso que estou tentando explicar, mas é mais difícil do que parece conversar com você...- eu me apavorei, ele não poderia falar aquilo que ele ia falar não é? -... você não vai voltar pra casa.

Ele falou! Aquele idiota falou!! Talvez eu estivesse realmente muito humana pois o que eu sentia naquela hora era 100% ira!! Ai que vontade de apertar o pescoço dele até ele não respirar mais!!

Ahhhhh!!!!!!- gritei por dentro

Eu me levantei e fui em direção a floresta. Ele me seguiu me chamando.

-Mas onde você vai?- insistiu ele puxando o meu braço

-Se vamos passar a noite aqui eu não vou morrer de fome! Eu vou procurar alguma fruta e você faz uma fogueira.

-Não precisamos.

-Por que?

-A luz da lua nos dá a força que precisamos.

-Algo comestível?- perguntei ainda com raiva

-Não...

-Então tchau!- disse e depois me virei e fui floresta a dentro

Como muitos imaginaram, não, eu não fui buscar comida. Eu fui jogar a minha raiva fora passando um tempo com a natureza. Depois sim que eu procurei frutas e voltei com os braços cheios de laranjas e maçãs de uma fazenda a meia hora dali.

Não conversei com ele. Não queria ficar com raiva a ponto de quase arrancar as asas dele de novo. Mas, de qualquer maneira, depois de duas horas ele começou a falar sem parar e me fazia perguntas em relação aos meus pais. Eu só respondia com sim ou não, ou simples acenos de cabeça

Uma coisa que todos tem que saber sobre mim é que sou a garota mais teimosa que vocês poderão ter a chance de conhecer. Ele aprendeu isso rapidinho e se calou.

Mas como sempre, eu estava errada. Era melhor quando ele falava. Agora até o barulho das corujas me matava de medo. Ele percebeu isso rapidinho.

-Tudo bem?- perguntou ele

Olha é sério, eu tava loca pra responder: “Tirando o fato de você estar me sequestrando tá tudo ótimo!”, mas eu não disse isso, só olhei para ele com olhos tristes. Ele estava sentado ao meu lado e me abraçou.

Eu comecei a chorar.

Não por ele.

Não pela coruja.

Não por mim.

Mas pelos meus pais.

-O que eles vão fazer se os acusarem?!- perguntei a ele enquanto ainda chorava

-Eu não sei...

-Nós podemos salvá-los? Você sabe... da fogueira?

-Me desculpe, mas não. Nós não podemos fazer nada... a não ser esperar.- eu chorei mais e ele me abraçou com mais força (e nossa! Que abraço!) –Você está melhor?- perguntou quando parei de chorar e nós nos afastamos

-Não... eles eram as únicas pessoas no mundo que se importavam comigo de verdade... e agora... eu os abandono...- disse sentando-me á relva fria

-Não é verdade Eli...- disse ele sentando-se ao meu lado

-Eles me chamavam assim...

-Me desculpe, se quiser não te cha...

-Não!!- cortei –Me ajuda a me lembrar deles...

-Está certo Eli.- ele sorriu para mim e eu para ele

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